MARIA ALEXANDRA CRUZ MENDES
( PORTUGAL )
Penso que comecei a fazer aquilo que poderei chamar de exercícios ou experiências poéticas desde muito cedo, na infância, embora não saiba dizer ao certo desde quando.
Nascia em maio de 1967 em Guimarães, cidade onde vivo. Nunca publiquei um livro. Resolvi começar o meu trabalho público através da internet apenas em 2009. Atualmente tenho uma página de autora no Facebook onde vou partilhando o que escrevo.
ALEF – Revista de Literatura Ibero-americana. Ano I no. 1. Editores: Ana Laura Kosby e Marco Celso, Huffell Viola. Gramado, Rio Grande do Sul, Brasil: maio 2012 56 p.
Ex. bibl. de Antonio Miranda
NATUREZA-QUASE-MORTA
pareceu-me ver perecer
uma pera podre e perene
ao som estridente, solene
da estranha, gritante sirene
parecida a uma ameixa
que se agita, teme e queixa
na maca macabra sem leme
que ao lado observo também.
... mas talvez não visse bem.
TENHO
Tenho os olhos deitados
em molas de sofás antigos,
abrigos de chuva molhados
pés tão frios
Tenho um buraco na meia
que me puxa as suas malhas
para dentro do meu sono
um candelabro de prata
um escuro engasgado
uma garganta estreita
filtros, tabaco, mortadelas
e um colar
que nada enfeita
Tenho pássaros
a cair sentados
na via de cintura interna
entre os cintos
e os carros,
os cigarros
e o fumo
Tenho um rumo
e tropeço neste metro
como um corredor de fundo
no espaço que não meço
um futuro que não peço
e uma vida
tão comprida percorrida
num segundo.
*
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Página publicada em outubro de 2023
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